Seja Bem Vindo ao Universo do Fibromiálgico

A Abrafibro - Assoc Bras dos Fibromiálgicos traz para você, seus familiares, amigos, simpatizantes e estudantes uma vasta lista de assuntos, todos voltados à Fibromialgia e aos Fibromiálgicos.
A educação sobre a Fibromialgia é parte integrante do tratamento multidisciplinar e interdisciplinar ao paciente. Mas deve se estender aos familiares e amigos.
Conhecendo e desmistificando a Fibromialgia, todos deixarão de lado preconceitos, conceitos errôneos, para darem lugar a ações mais assertivas em diversos aspectos, como:
tratamento, mudança de hábitos, a compreensão de seu próprio corpo. Isso permitirá o gerenciamento dos sintomas, para que não se tornem de difícil do controle.
A Fibromialgia é uma síndrome, é real e uma incógnita para a medicina.
Pelo complexo fato de ser uma síndrome, que engloba uma série de sintomas e outras doenças - comorbidades - dificulta e muito os estudos e o próprio avanço das pesquisas.
Porém, cientistas do mundo inteiro se dedicam ao seu estudo, para melhorar a qualidade de vida daqueles por ela atingidos.
Existem diversos níveis de comprometimento dentro da própria doença. Alguns pacientes são mais refratários que outros, ou seja, seu organismo não reage da mesma forma que a maioria aos tratamentos convencionais.
Sim, atualmente compreendem que a síndrome é "na cabeça", e não "da cabeça". Esta conclusão foi detalhada em exames de imagens, Ressonância Magnética Funcional, que é capaz de mostrar as zonas ativadas do cérebro do paciente fibromiálgico quando estimulado à dor. É muito maior o campo ativado, em comparação ao mesmo estímulo dado a um paciente que não é fibromiálgico. Seu campo é muito menor.
Assim, o estímulo dispara zonas muito maiores no cérebro, é capaz de gerar sensações ainda mais potencialmente dolorosas, entre outros sintomas (vide imagem no alto da página).
Por que isso acontece? Como isso acontece? Como definir a causa? Como interromper este efeito? Como lidar com estes estranhos sintomas? Por que na tenra infância ou adolescência isso pode acontecer? Por que a grande maioria dos fibromiálgicos são mulheres? Por que só uma minoria de homens desenvolvem a síndrome?
Estas e tantas outras questões ainda não possuem respostas. Os tratamentos atuais englobam antidepressivos, potentes analgésicos, fisioterapia, psicoterapia, psiquiatria, e essencialmente (exceto com proibição por ordem médica) a Atividade Física.
Esta é a parte que têm menor adesão pelos pacientes.
É dolorosa no início, é desconfortante, é preciso muito empenho, é preciso acreditar que a fase aguda da dor vai passar, trazendo alívio. Todo paciente precisa de orientação médica e/ou do profissional, que no caso é o Educador Físico. Eles poderão determinar tempo de atividade diária, o que melhor se adequa a sua condição, corrige erros comuns durante a atividade, e não deixar que o paciente force além de seu próprio limite... Tudo é comandado de forma progressiva. Mas é preciso empenho, determinação e adesão.

TRADUTOR

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Medicamentos - FIBROMIALGIA

Existem muitos medicamentos usados ​​para tratar os sintomas da fibromialgia, incluindo medicamentos para a dor, pílulas para dormir e antidepressivos. Alguns medicamentos ajudam a aliviar a dor da fibromialgia. Outros melhoram o humor e melhoram o sono. Conversando com o seu médico ele irá ajudá-lo a encontrar a medicação para fibromialgia adequada para adicionar ao seu regime de tratamento. Dessa forma, você poderá gerenciar seus sintomas de forma eficaz.



Qual é o tratamento inicial para a fibromialgia?

Os primeiros médicos medicam para as pessoas com fibromialgia é um antidepressivo, o que ajuda a aliviar a dor, fadiga e problemas de sono, muitas vezes são que irão tentar. Além disso, os antidepressivos ajudam na depressão, que é comumente visto em pessoas com fibromialgia. Antidepressivos mais antigos, chamados tricíclicos, têm sido usados ​​por muitos anos para tratar a fibromialgia. 


Como os antidepressivos tricíclicos tratam os sintomas da fibromialgia?

Os antidepressivos tricíclicos, incluindo Elavil (amitriptilina) e Pamelor (nortriptilina), o trabalho deles é elevar os níveis de substâncias químicas (neurotransmissores) no cérebro. 
Os antidepressivos tricíclicos aumentam os níveis de serotonina e noradrenalina no cérebro. Pessoas com dor crônica, muitas vezes têm diminuído os níveis desses neurotransmissores calmantes. Os tricíclicos podem relaxar os músculos dolorosos e aumentar os efeitos de endorfinas - analgésicos naturais do corpo. Embora estes medicamentos sejam muitas vezes muito eficaz, os efeitos colaterais, às vezes, podem torná-los difíceis de tomar, pois podem causar sonolência, tonturas, boca seca, olhos secos, e constipação.


Não existem outros antidepressivos que aliviam a dor e fadiga da fibromialgia?

Existem vários tipos diferentes de antidepressivos e vários deles demostraram que ajudam a aliviar a dor, fadiga e problemas de sono em pessoas com fibromialgia.
Os antidepressivos mais bem estudados para a fibromialgia incluem Cymbalta (duloxetina), Savella (milnacipran) e Effexor (venlafaxina). Cymbalta e Savella são especificamente aprovados pelo FDA* para tratar a fibromialgia. Há menos investigações médicas para mostrar que Effexor ajuda a fibromialgia. Outros antidepressivos, que também têm sido estudados para a fibromialgia e podem ajudar incluem Prozac (fluoxetina), Paxil (paroxetina), e Celexa (citalopram).
Diferentes antidepressivos funcionam de forma diferente no corpo. Além disso, o que funciona para uma pessoa com fibromialgia pode não funcionar para outra pessoa. É por isso que as pessoas com fibromialgia podem ter que experimentar mais de um antidepressivo, para encontrar aquele que melhor alivia a dor, fadiga e sono e dificuldades associadas a doença. O seu médico pode ainda querer que você tente uma combinação de mais de um antidepressivo de cada vez.

Que medicamentos fibromialgia ajudam a aliviar a dor?

Diferentes tipos de analgésicos são por vezes recomendados para diminuir a dor muscular profunda e dor gatilho ponto que vem com fibromialgia. O problema é que esses analgésicos não funcionam da mesma forma para todos com fibromialgia.
Os analgésicos sem receita médica, como o paracetamol, elevam o limiar de dor para que você possa percebe-la muito menos.

Medicamentos anti-inflamatórios não esteróides (AINEs), quando tomados sozinhos, não costumam ajudar muito bem para a fibromialgia. No entanto, quando combinados com outros medicamentos para fibromialgia, os AINE muitas vezes ajudam. AINEs estão disponíveis no balcão e incluem drogas como a aspirina, ibuprofeno e naproxeno.


Quais são os efeitos colaterais dos analgésicos para a fibromialgia?

Tenha cuidado ao tomar aspirina ou outros AINEs, se você tem problemas de estômago. Estes medicamentos podem levar a azia, náuseas ou vômitos, úlceras estomacais e sangramento do estômago. Este risco de hemorragias graves é ainda maior em pessoas com mais de 60 anos. Não tome AINEs sem receita médica, por mais de 10 dias sem consultar o seu médico. Tomando-os por um período prolongado aumentam as chances de efeitos secundários graves. A aspirina e outros antiinflamatórios não esteróides podem causar ou agravar úlceras estomacais. Se você já teve úlceras ou qualquer tipo de problemas estômacais ou sangramento intestinal, fale com o seu médico antes de tomar NSAIDs. 
O acetaminofeno é relativamente livre de efeitos colaterais. Mas evite este medicamento se você tem doença no fígado. Além disso, certifique-se de não tomar mais do que o recomendado, que aumentam consideravelmente o risco de efeitos colaterais, incluindo danos ao fígado.


Relaxantes musculares são úteis para a dor da fibromialgia?

A ciclobenzaprina - relaxante muscular - provou ser útil para o tratamento da fibromialgia. É muitas vezes prescrito para ajudar a aliviar a tensão muscular e melhorar o sono. Relaxantes musculares trabalham no cérebro para relaxar os músculos.
Com relaxantes musculares, pode ocorrer boca seca, tontura, sonolência, visão turva, desequilíbrio, instabilidade e mudança na cor de sua urina. Estes medicamentos podem aumentar a probabilidade de convulsões. Os adultos mais velhos, às vezes, experimentam a confusão e alucinações quando os tomam.

Quando anticonvulsivantes são utilizados para a fibromialgia?

Lyrica, originalmente utilizado para o tratamento de convulsões, é uma nova droga para o tratamento da fibromialgia. Na fibromialgia, o Lyrica afeta substâncias químicas no cérebro que enviam sinais de dor em todo o sistema nervoso. Por isso, reduz a dor e fadiga e melhora o sono.
Neurontin (gabapentina) é outra medicação anticonvulsivante que também demostrou melhorar os sintomas da fibromialgia.

Existem outros medicamentos para a dor da fibromialgia disponíveis?

Analgésicos, tais como: Ultram (tramadol) também podem ser usados para tratar a fibromialgia. Este medicamento narcótico age no cérebro para afetar a sensação de dor. Não é tão viciante quanto outras drogas.
Além disso, os médicos podem prescrever benzodiazepínicos, como: Ativan (lorazepam), Klonopin (clonazepam), Valium (diazepam) e Xanax (alprazolam) para ajudar a relaxar os músculos dolorosos, melhorar o sono e aliviar os sintomas da síndrome das pernas inquietas (sensações desagradáveis ​​no pernas que forçá-lo a mover-los constantemente). As benzodiazepinas são viciantes e deve ser usadas com precaução em uma base de curto prazo. Tomando mais do que o recomendado aumentam os riscos de efeitos secundários graves - até mesmo a morte.
Medicamentos narcóticos poderosos, como: Percocet e OxyContin (oxicodona) e Vicodin e Lortab (hydrocodone), só devem ser considerados se todas as outras drogas e terapias alternativas foram esgotadas e não houve alívio.

Revisado por Michael W. Smith, Médico em Maio 18, 2012

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

INSS vai dificultar auxílio-doença e aposentadorias por invalidez

21/01/2014 - 22h42 - Atualizado em 21/01/2014 - 23h43



Com déficit de R$ 50 bi em 2013, Previdência vai apertar o cerco contra concessão de benefícios


O governo deve apertar as regras de concessão de benefícios por invalidez ou doença por causa do aumento do rombo nas contas da Previdência Social em 2013, quando foi registrado déficit de R$ 49,9 bilhões. Os dados foram publicados ontem em matéria publicada no jornal O Estado de S. Paulo e devem ser divulgados nesta semana.

O Executivo esperava um “equilíbrio” na comparação com 2012, ano em que a conta ficou negativa em R$ 42,3 bilhões. A surpresa na alta dos gastos é explicada no governo pelo pagamento, por decisão judicial, de quase R$ 3 bilhões em passivos acumulados de anos anteriores.

Pesaram no rombo as revisões do teto da Previdência, causadas pelos benefícios com reajuste acima da inflação, e o recálculo de auxílios-doença e aposentadorias por invalidez cujos beneficiários tinham feito menos de 180 contribuições.

Por isso, a Previdência busca meios para apertar as regras de concessão de desses dois benefícios, cujas despesas atingiram R$ 65,4 bilhões em 2013.
O foco é reduzir os auxílios de longa duração, cuja despesa somaria R$ 7 bilhões anuais.
As normas sob avaliação de um grupo interministerial vão incorporar o chamado Plano de Reabilitação Integral. A partir da recomendação da perícia médica do INSS, o beneficiário fará uma reabilitação física e profissional conjunta. A situação seria reavaliada a cada dois anos. A situação é considerada grave.

Fatias

Do total de benefícios, 18% são por invalidez. O governo quer baixar ao nível “aceitável” de 10%. O plano no Regime Geral da Previdência Social (RGPS) é cortar em 40% o total desses benefícios até 2024, o que resultaria em economia de R$ 20 bilhões no último ano. Em uma década, haveria economia de R$ 108 bilhões aos cofres públicos.

Para ter êxito, após uma determinada cirurgia, por exemplo, o beneficiário passará a ser acompanhado. Se não for possível voltar à função original, a empresa indicará outro posto compatível com o salário e a qualificação, respeitadas limitações físicas e de aptidão.

Na avaliação do governo, em casos mais graves, seria possível reduzir os custos. Seria pago auxílio-acidente, benefício de curta duração e valor bem menor que aposentadorias por invalidez e auxílios-doença. “Todo mundo ganha. O trabalhador continua a contribuir, recebe um benefício, ainda que menor, e o soma ao salário”, resume o secretário de Políticas de Previdência, Leonardo Rolim.

As mudanças que vêm por aí

Déficit
A Previdência busca meios para apertar as regras de concessão de auxílios-doença e invalidez, cujas despesas atingiram R$ 65,4 bilhões em 2013. O foco é reduzir os auxílios de longa duração, cuja despesa somaria atualmente R$$ 7 bilhões anuais.

Reabilitação
As normas sob avaliação de um grupo interministerial vão incorporar, segundo informou o Ministério da Previdência, o chamado Plano de Reabilitação Integral. A partir da recomendação da perícia médica do INSS, o beneficiário fará uma reabilitação física e profissional conjunta. A situação seria reavaliada a cada dois anos.

Invalidez
Do total de benefícios concedidos todo ano, 18% são por invalidez. O governo quer baixar ao nível “aceitável” de 10% do total, índice semelhante ao imposto pela União Europeia à Grécia após a crise que quebrou o país.

Pronatec
Para chegar a esse índice, uma das medidas seria o acompanhamento do beneficiário após uma determinada cirurgia, por exemplo. Se não for possível voltar à função original, a empresa indicará outro posto compatível com o salário e a qualificação, respeitadas limitações físicas e de aptidão. O governo fará um esforço conjunto de suas áreas para requalificar, via programas com o Pronatec, e até recolocar o profissional no mercado, a partir da base de dados do Sistema Nacional de Emprego (Sine).

Até março
Um grupo interministerial deve aprovar as regras até março.

Regras para liberar pensões vão ficar mais duras

Benefício que custa 3% do Produto Interno Bruto (PIB) ao país em todos os regimes previdenciários, as pensões por morte devem ter suas normas alteradas em breve.
Consideradas em recente estudo do Banco Mundial como as regras mais favoráveis do mundo, o modelo brasileiro tem contribuído bastante com os históricos de grandes déficits da Previdência. O país gasta R$ 140 bilhões por ano com essas pensões”.

Um dos alvos preferenciais do governo na reforma das regras é a concessão vitalícia pelo limite máximo do benefício (hoje em R$ 4.390 mensais) mediante o pagamento de uma única contribuição.

Solução sob avaliação é elevar exigências, aplicar fatores de ponderação e impor limites para essa concessão.

Outro alvo, cujo custo pesa nos cofres públicos, é a concessão integral do valor do benefício, independentemente do número de filhos dependentes. A alternativa em estudo é fixar um índice sobre o salário, agregando um adicional para cada filho até 21 anos.

Também na mira está a chamada reversão da cota, mecanismo pelo qual filhos maiores de 21 anos repassam pensão à mãe.

Fonte: Gazeta On Line

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A vitamina D pode ajudar na dor da Fibromialgia

Os pacientes que pensam que são deficientes no nutriente devem consultar o seu médico primeiro, dizem especialistas.

Sexta-feira 17 janeiro, 2014 ( HealthDay News) - As pessoas que sofrem da dor crônica da fibromialgia pode beneficiar de tomar suplementos de vitamina D, se eles sofrem de baixos níveis da vitamina , um novo estudo da Áustria sugere.

Não há cura para a fibromialgia, que pode levar à dor, fadiga e vários outros sintomas  disseram os pesquisadores. A causa exata da doença permanece obscura .

No estudo, os pesquisadores liderados pelo Dr. Florian Wepner , do Hospital Ortopédico Viena Speising , buscou descobrir se há uma ligação entre os níveis de vitamina D de um paciente e a dor crônica da fibromialgia. A vitamina D é muitas vezes chamado de " vitamina do sol ", porque ele é fabricado pelo corpo através da atividade da luz solar sobre a pele.

A equipe de Wepner lançou um estudo randomizado, controlado em 30 mulheres com fibromialgia que também tinham baixos níveis de vitamina D. Algumas das mulheres tomaram suplementos por 25 semanas e então foram acompanhados por mais 24 semanas.

Reportagem na edição de fevereiro da revista Pain, os pesquisadores disseram que aqueles que tomaram suplementos relataram menos dor e fadiga matinal ao longo do tempo, do que aqueles que não receberam os suplementos.

" [ A vitamina D] pode ser considerado como um tratamento relativamente seguro e econômico e uma alternativa extremamente rentável ou complemento ao tratamento farmacológico caro ", disse Wepner em uma nota de imprensa do jornal.

Níveis de vitamina D devem ser monitorizados em pacientes com fibromialgia - especialmente no inverno, quando os níveis podem ser mais baixos devido à menor exposição ao sol - e ajustado , se necessário , disse Wepner .

Embora o estudo foi capaz de encontrar uma associação entre suplementação de vitamina D e um abrandamento da dor da fibromialgia , não prova uma relação de causa e efeito .

No entanto, dois especialistas sobre a doença disse que os resultados fazem sentido.

"Os pacientes com fibromialgia e aqueles com dor crônica certamente deve ter seus níveis sanguíneos de vitamina D verificados e , se baixo , considere a suplementação sob a orientação de um médico ", disse Kiran Patel , especialista em medicina da dor no Hospital Lenox Hill em Nova York que muitas vezes trata as pessoas com fibromialgia.

Dr. Houman Danesh , diretor de gerenciamento de dor integrativa no Hospital Mount Sinai , em Nova York , concordou. " A deficiência de vitamina D tem sido associada a dor crônica, e este estudo reforça o argumento para [ reabastecer ] vitamina D em indivíduos com deficiência ", disse ele .

"É importante notar que esses pacientes estavam sob os cuidados de um médico durante a reposição [ vitamina ] , e que levou meses para os benefícios a serem mostradas ", disse Danesh . " Isto é esperado , como a vitamina D é uma vitamina solúvel em gordura e é armazenado nas células de gordura . Quando um paciente tem baixos níveis , as lojas precisam ser [ reabastecido ] , e isto leva semanas ou meses para ocorrer . "

Danesh advertiu  no entanto que, as pessoas que se preocupam que são deficientes em vitamina D devem sempre verificar com o seu médico antes de tomar suplementos. Levando-se em excesso de vitamina D pode realmente ser tóxicos e causar danos , disse ele.

"Os pacientes devem consultar seu médico se pensam que são deficientes e terem seus níveis verificados na avaliação clínica ", disse ele .

Fonte: http://www.webmd.com/fibromyalgia/news/20140117/vitamin-d-supplements-may-help-ease-fibromyalgia-pain-study?ecd=wnl_fib_012814&ctr=wnl-fib-012814_ld-stry&mb=uA30JTD2N3zgES%409naFoweHnVev1imbCBLXaX73qsGU%3d

sábado, 18 de janeiro de 2014

Suplementos de vitamina D podem ajudar a reduzir a dor aos que sofrem com a fibromialgia







17 de janeiro de 2014  

Os pacientes com  Síndrome da Fibromialgia (FM) normalmente têm dor crônica generalizada e fadiga. Para aqueles com níveis baixos de vitamina D, suplementos desta vitamina podem reduzir a dor e. pode ser uma alternativa de baixo custo ou, complemento a outros tratamentos, dizem os pesquisadores na edição atual da "Pain" ® .


Além de dor e fadiga, indivíduos com diagnóstico de fibromialgia podem apresentar distúrbios do sono, rigidez matinal, dificuldade de concentração e, ocasionalmente, sintomas mentais leves a graves, tais como ansiedade ou depressão. A condição pode ter um impacto significativo na qualidade de vida do paciente, resultando em perda de emprego e/ou retirada da vida social. Não há cura e nenhum tratamento irá abordar todos os sintomas, mas alguns sintomas podem ser aliviados por fisioterapia, terapia cognitivo-comportamental, terapia medicamentosa temporária (como amitriptilina, duloxetina, ou pregabalina) e terapias multimodais.
O calcifediol (também conhecido como calcidiol, 25-hidroxicolecalciferol, ou 25-hidroxivitamina D é um pré-hormônio produzido no fígado pela enzima colecalciferol (vitamina D3). O calcifediol é então convertido para o calcitriol (1,25-(OH)2D3), que é a forma ativa da vitamina D. A concentração sanguínea de calcifediol é considerado o melhor indicador de status da vitamina D.
Pesquisadores levantaram a hipótese de que a suplementação de vitamina D poderia reduzir o grau da dor crônica experimentada por pacientes de SFM com baixos níveis de calcifediol e também poderia melhorar outros sintomas. “Baixos níveis sanguíneos de calcifediol são especialmente comuns em pacientes com dores intensas e fibromialgia. Mas, apesar do papel do calcifediol na percepção da dor crônica ser um assunto amplamente discutido, falta-nos uma clara evidência do papel da suplementação de vitamina D em pacientes com fibromialgia, “diz o pesquisador principal Florian Wepner, MD, do Departamento de Gestão de Dores Ortopédicas, Unidade Spine, Orthopaedic Hospital, Speising, Viena, Áustria. “Estamos, portanto, preparados para determinar se o aumento nos níveis de calcifediol nestes pacientes poderia aliviar a dor e causar uma melhora geral nos distúrbios concomitantes.”
Em um ensaio clínico randomizado, 30 mulheres com SFM com baixos níveis séricos de calcifediol (abaixo de 32ng/ml) foram randomizadas para um grupo de tratamento ou de controle. A meta para o grupo de tratamento era para atingir níveis séricos de calcifediol entre 32 e 48ng/ml por 20 semanas através de suplementos orais de colecalciferol. Os níveis séricos de calcifediol foram reavaliados após cinco e treze semanas e a dose foi avaliada com base nos resultados. Os níveis de calcifediol foram medidos novamente 25 semanas após o início da suplementação, no momento em que o tratamento foi descontinuado e após mais 24 semanas sem a suplementação.
Vinte e quatro semanas após a suplementação ser interrompida, uma redução acentuada no nível de dor percebida ocorreu no grupo de tratamento. Entre a primeira e a 25a semana de suplementação, o grupo de tratamento teve uma melhora significativa em uma escala funcional de desempenho físico, enquanto que o grupo placebo permaneceu inalterado. O grupo de tratamento também pontuou melhoras significativas em um Questionário sobre o Impacto da Fibromialgia (QIF) sobre a questão da “fadiga da manhã.” No entanto, não houveram alterações significativas na depressão ou nos sintomas de ansiedade.
“Acreditamos que os dados apresentados no presente estudo sejam promissores. A SFM é muito ampla de sintomas complexos que não podem ser explicados apenas pela deficiência de vitamina D. No entanto, a suplementação de vitamina D pode ser considerada como um tratamento relativamente seguro para pacientes de SFM e uma alternativa extremamente econômica ou um complemento aos tratamentos farmacológicos dispendiosos, assim como às terapias físicas, comportamentais e multimodais “, diz Wepner. “Os níveis de vitamina D devem ser monitorados regularmente em pacientes com SFM, especialmente na temporada de inverno, e aumentados de forma adequada.”

tradução: Abrafibro

domingo, 12 de janeiro de 2014

Fibromialgia: construção e realidade na formação dos médicos

Rev. Bras. Reumatol. vol.46 no.1 São Paulo Jan./Feb. 2006

http://dx.doi.org/10.1590/S0482-50042006000100011 


Fibromyalgia: construction and reality in medical education


Rejane Leal Araújo
Médica: Fellow em Reumatologia, UVA-USA, Mestre em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Professora de Medicina da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL)

PROBLEMAS ATUAIS NOS MODELOS DE CONSTRUÇÃO DAS DOENÇAS
A construção conceitual da síndrome da fibromialgia (FM) como doença, das suas superposições ou co-morbidades e das suas relações com a fragmentação do conhecimento no atual contexto sociohistórico constituem um grande desafio para o exercício do médico. Sua identificação segue os critérios de classificação do American College of Rheumatology (ACR-1990), os quais foram desenvolvidos com o propósito de analisar resultados interinstitucionais da avaliação de grupos populacionais semelhantes, embora também possam ser utilizados para diagnósticos individuais(1).
O estudo dos atuais modelos para as construções científicas da FM, e outras síndromes expressas por sintomas, estimula o desenvolvimento de outras percepções, absorvidas com a inserção do terceiro fator, além do sujeito e do objeto, que é o estado do conhecimento(2). O rótulo fibromialgia permitiu acalmar os médicos que passaram a dispor de um termo biomédico para se comunicarem e explicarem aos pacientes, que se sentiram satisfeitos com a validação de seus sintomas como reais e não como simulados.
Goldenberg(3) afirma que, apesar do número crescente de publicações, pouco progresso tem sido feito para a compreensão ou tratamento desse distúrbio e seu conceito permanece controverso, incluindo aqueles que continuam a questionar sua existência e sua utilidade diagnóstica.
A prevalência da FM de 0,5 a 4% nos países industrializados(4), acrescida pela superposição das síndromes semelhantes, mas com linguagens diferentes, implica em gastos socioeconômicos e desgastes individuais, familiares e sociais, para entender e explicar problemas de saúde, rotulados como síndromes em sua multiplicidade de conotações biomédicas, genéticas, psicológicas, cognitivas e socioculturais.

ESTUDO DAS RELAÇÕES SOCIOHISTÓRICAS: EPISTEMOLOGIA, EDUCAÇÃO E SAÚDE
As propostas epistemológicas atuais para transformação do modelo de construção do conhecimento científico determinam mudanças na dinâmica e na qualidade dos modos de pensar, pois excluem as neutralidades e inserem a participação contextual, evoluem do estático para o processual e estudam a complexidade com o emaranhado de ações, interações e retroações.
Deste modo, o exercício do pensamento complexo implica em transformações na conceituação dos binômios como: pensamento estático/processual, dissociado/complexo, saúde/doença, unidade/todo, unicausal/multicausal, biomédico/biopsicossocial. Com esse interesse, Araújo(5) estudou a relação entre o modelo atual de construção dos distúrbios como a FM com os modelos epistemológicos fragmentados que dominaram o século XX, conhecidos como cartesianos, ainda hegemônicos nas teorias e práticas atuais da educação e da saúde. Destaca que a fragmentação do modelo da educação médica americana de Flexner(6), seguido pelo Brasil, priorizou as teorias e as práticas restritas ao biomédico, separadas em disciplinas, ensinadas por médicos especialistas. Este modelo, que domina as construções diagnósticas atuais, se limita aos sintomas do domínio de cada especialista, com baixo grau de representatividade para a composição do todo do indivíduo.
Apesar das diferenças nos rótulos diagnósticos especializados, os pacientes têm em comum o comportamento da vigília constante (ansiedade/angústia), são, em sua grande maioria, do gênero feminino e tendem a se apresentar com uma variedade de sintomas crônicos associados a distúrbios de humor (depressão) e distúrbios do sono (insônia). Os sintomas, como a dor, estudados e interpretados por especialistas, ficam restritos às construções de um saber delimitado: sabem muito de um determinado assunto, mas muito pouco do restante. Com base nesses e em outros dados, Araújo(5) propõe a tríade da depressão, insônia e dor/fadiga como representativa da dinâmica integrada pelos fatores físicos biomédicos, psicoemocionais, comportamentais e socioculturais para justificar o significado e a expressão das diferentes síndromes crônicas, co-mórbidas ou em overlap com a FM. Seu estudo fundamentou-se na categoria epistemológica, o estilo de pensamento (thought style)(7), descrita pelo médico e filósofo polonês Ludwig Fleck (1935). O estilo de pensamento foi definido como um perceber dirigido com a correspondente elaboração intelectiva e objetiva do percebido. Comparado à categoria paradigma (Kuhn, 1962), consiste em uma determinada atitude, e também ao tipo de execução que a consuma (integra a teoria e a prática).
Diferentes autores(8-11) utilizam estilo de pensamento como categoria para documentar os problemas que surgem pela aplicação do modelo cartesiano utilizado no século passado para a construção do conhecimento científico. O estudo e a aplicação dos diferentes elementos que compõem o estilo/coletivo de pensamento permitiram constatar que apesar da uniformidade curricular do curso de graduação, os médicos se distanciam pelas suas formações especializadas durante as residências médicas. Os especialistas estudam e pensam assuntos relativos a seus compartimentos especializados, com suas linguagens próprias, exercícios fragmentados e freqüentam congressos restritos a suas especialidades. Esse modelo acentua a formação reduzida a assuntos especializados, compondo coletivos de pensamento dissociados, que constroem estilos de pensamento com incongruência de linguagens. Os médicos não são formados para entender a unicidade de cada indivíduo e construir modelos que expliquem a complexidade dos doentes e as propostas da interação biopsicossocial na saúde.
Na Tabela 1 são apresentadas diferentes construções diagnósticas superpostas, como a FM, a síndrome da fadiga crônica, a síndrome do cólon irritável, a dor miofacial regional e a depressão, fruto das construções por estilos de pensamento especializados e fragmentados. São restritas à expressão isolada dos sintomas, que não abrangem a relação biomédica com os aspectos sociocognitivos, embora esses possam representar o significado, ou seja, a essência comum a muitos dos pacientes. Omite a importância do perfil cognitivo de entender, reagir ou conviver com seus sintomas e problemas.


MODELO DE CONSTRUÇÃO DA SÍNDROME DA FIBROMIALGIA
A FM, ao exibir como critérios objetivos os pontos dolorosos, estabelece dificuldades de precisão que envolvem o subjetivo da expressão do paciente e o da interpretação médica. Clauw(12) defende  que pelo menos metade dos indivíduos que recebem o diagnóstico clínico da FM não preenche sua definição e que aproximadamente 25% das pessoas com desordens sistêmicas inflamatórias podem ter positivos os critérios do ACR para essa síndrome. Esse autor ressalta que os critérios de classificação nunca tiveram a intenção de serem aplicados com o propósito de diagnóstico individual. Comenta que os pontos dolorosos medem não apenas a sensibilidade, mas também o modo de lidar com o estresse, influenciado por diferentes fatores como: gênero feminino, aumento da idade, deficiência do condicionamento físico e desordens do humor. Rao e Clauw(13) conferiram o nome de síndromes funcionais somáticas (SFS) para classificar grupo semelhante de desordens relativas aos pacientes com as características relatadas anteriormente.
Contextualizar a dinâmica da FM como a ruptura de um continuum construído pelo paciente com seu modo de lidar com estresses abre perspectivas que implicam nos diferentes significados das doenças e suas responsabilidades individuais e sociais, como nos diagnósticos de lesão por esforço repetitivo ou distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho (LER/DORT). Essa diversidade desafia a postura médica frente às normas estabelecidas pela perícia e concessão de benefícios públicos. Sobre esse assunto, Aronowitz, em seu livro Making Sense of Illness(14), publica um inovador documento histórico científico sobre as controvérsias e de como as doenças podem mudar de significado ao longo dos tempos pelas mudanças de suas hipóteses etiológicas.
Crofford e Clauw(15), em análise sobre os efeitos após uma década dos critérios ACR-1990, salientam que os mesmos enfocam apenas a dor e desprezam outros sintomas importantes da FM incluindo fadiga, distúrbios cognitivos, distúrbios do sono e angústia psicológica. Esses autores destacam uma visão mais ampla que inclui esses sintomas e as síndromes comumente associadas (síndrome da fadiga crônica, síndrome do cólon irritável e depressão)(16)  para concluir que esses critérios falham em apreender a essência da FM. Num estudo sobre a relação do temperamento e resposta ao estresse em crianças com o diagnóstico da síndrome primária da fibromialgia juvenil (JPFMS), Conte(17) obteve como resultados que crianças e adolescentes com JPFMS, assim como seus pais, apresentavam diferenças quando comparados a outros grupos. Aqueles com diagnóstico de JPFMS demonstravam maior instabilidade do temperamento, níveis maiores de depressão e ansiedade, menor ajuste familiar e maior sensibilidade à dor. Seus pais também referiam aumento nos níveis de ansiedade e depressão e menor capacidade de ajuste psicológico. Conte defendeu a perspectiva psicobiológica e destacou a interação dos riscos individuais como a instabilidade do temperamento, a sensibilidade à dor, a vulnerabilidade ao estresse, o contexto, o ajuste e as psicopatologias familiares como fatores contribuintes para explicar a composição dessa síndrome da dor e sua severidade. Os dados que antecedem, relativos às histórias de vida e à representação de seus significados, podem se constituir em fatores diferenciais para o entendimento das síndromes em estudo.
Giesecke e Clauw(18) reconhecem que os indivíduos que preenchem os critérios do ACR de classificação para FM não compõem um grupo homogêneo. Defendem a hipótese de existirem distintos subgrupos entre os pacientes com FM, que podem ser identificados pelos padrões de sensibilidade/dor, humor e cognição. Para eles, parece existir um grupo de pacientes com FM que exibe extrema sensibilidade sem associação com fatores psicocognitivos; um grupo intermediário e um terceiro grupo, nos quais os fatores relacionados ao humor e a cognição influenciam no relato dos sintomas. Esses são os pacientes que referiam alta sensibilidade à dor, apresentavam altos índices de depressão e ansiedade, emitiam seu quadro como catastrófico, além de ter baixa capacidade para o controle da dor. Tais resultados podem ter implicações terapêuticas quanto à escolha de analgésicos ou dos tipos de antidepressivos e psicotrópicos.

PERSPECTIVAS BIOPSICOLÓGICAS ATUAIS
A construção conceitual da FM e da sua co-morbidade com a depressão maior (DM) apóia-se no modelo biológico que pesquisa substâncias neurotransmissoras (serotonina, norepinefrina, substância P), assim como na sua interação com o modelo psicossocial que relaciona a tristeza e a dificuldade de adaptação, demonstradas nas respostas de dramatizar ou não saber se ajudar.
Aparentemente, existe uma separação das múltiplas redes de processamento dos sintomas como a dor e a depressão. Os níveis dos sintomas da depressão não atuam diretamente na magnitude da ativação das áreas cerebrais associadas com a dimensão sensorial da dor (córtices somatossensoriais primária e secundária). No entanto, os sintomas da depressão ou a presença da depressão parecem estar associados com a ativação das regiões cerebrais relacionadas com o processamento da dor afetiva (amígdala e ínsula anterior contralateral). Dados da literatura sugerem a ínsula anterior como atuante na interação das experiências sensoriais e afetivas(4).
Esses achados podem se estender às outras condições com dores crônicas que tenham um elemento central caracterizado por hiperalgesia/alodínia como a síndrome do cólon irritável, a lombalgia e a vulvodínia. Sugerem que este fenômeno de ativação neural no processamento da dor possa ser notado também em condições periféricas e clássicas como a osteoartrite e a artrite reumatóide.

OBJETO FRONTEIRA: SUA IDENTIFICAÇÃO PARA INTERAGIR O BIOPSICOSSOCIAL
Ao se propor o estudo da relação dos fatores psicossociais como influentes ou determinantes dos modos de construção e expressão dos diferentes processos que alteram a saúde, há que se modificar o modelo tradicional das consultas médicas que separam em pedaços a avaliação do indivíduo. Excluir das consultas a contextualização do problema do paciente e a relação processual com suas histórias de vida e as construções sociocognitivas é eliminar a percepção das essências desses processos, cujas construções não conseguem ser integralmente explicadas pelo conhecimento biomédico. A categoria boundary object (objeto fronteira), foi proposta por Star(19), para estandardizar os métodos e como atividade central para a tradução e comunicação entre os diferentes pontos de vista. Araújo(20) propôs a utilização da tríade de sintomas da depressão, insônia e dor como objeto fronteira para integrar trabalho multidisciplinar entre  os diferentes profissionais que estudam a FM e as síndromes funcionais somáticas. Seu trabalho foi apresentado no 2004 ACR Economic, Social and Psychological Impact of Arthritis.
A abertura para esses novos aspectos resultará em futuras construções sociointeracionistas mais elaboradas, hoje classificadas como interdisciplinares que buscam a transdisciplinaridade (Figura 1).
Consciente da interação entre os fatores sensoriais e afetivos motivacionais no resultado da dor, o médico precisa estudar sua relação com os fatores culturais regionais, com as condições e satisfações da vida, a legislação trabalhista, assistencial e pericial. Vale avaliar, portanto, a geração e a persistência da amplificação dos sintomas como a dor em sua relação mais estreita com a formação cognitiva do indivíduo e seus desgastes físicos pela incapacidade de lidar com determinados problemas psicossociais. Os estudos biomédicos, como as substâncias neuroendócrinas e os estudos de imagem e sua relação com outros achados co-mórbidos, continuam sendo importantes. Porém, a inserção e a articulação dos outros eventos psicossociais podem resultar em novos modelos para entender os processos hoje classificados como doenças.
Esse é o grande desafio para o profissional com formação, prática e construções biomédicas: construir um ver formativo e perceber as interações dos fatores biopsicossociais. Valorizar a multiplicidade dos fatores: a susceptibilidade genética e sua interação com os fatores sociocognitivos, biológicos, psicoemocionais, familiares, do gênero e ambientais, assim como buscar a integração dos diferentes sistemas para compor a visão do todo, implicam em transformações conceituais curriculares e na formação dos professores. São processos lentos que implicam em mudanças conceituais dos modos de pensar e exercitar o pensamento, necessárias para a conquista da harmonia dos diagnósticos e das práticas periciais. Portanto, interagir o estudo dos diferentes sistemas auxilia na percepção da importância da transformação epistemológica que amplia o modo de pensar, disjuntivo e redutor, para o encontro do complexo com a real interpretação do significado dos modelos da expressão corporal.
Hadler(21, 22) comenta sobre a organização de um sistema que com intervenções médicas prejudiciais à saúde reduzem a qualidade de vida. Destaca o uso da FM como rótulo de doença que incapacita, e que essa construção social da mesma gera litígios e discussões epistemológicos atuais sobre as fronteiras entre suas realidades e verdades.
A inserção curricular do estudo da epistemologia e a aplicação das categorias estilo/coletivo de pensamento e objeto fronteira estimulam o desenvolvimento da abordagem sistêmica e da capacidade crítica dos assuntos pertinentes à educação e à saúde. Estende a condição espectadora dos professores e estudantes para a de participantes no processo da construção interdisciplinar e interação dos sistemas com o conhecimento científico (Figura 2).


REFERÊNCIAS
1. Criteria for the Classification and Diagnosis of the Rheumatic Diseases. Primer on the Rheumatic Diseases: 12ª Ed, Atlanta, Arthritis Foundation, 631-648, 2001.
2. Fleck, L: La Génesis y el Desarollo de un Hecho Científico. Madrid, Alianza, 1986.
3. Goldenberg, DL: A Fibromialgia Uma Década Depois: O Que Aprendemos? JAMA Brasil - J Am Med Assoc 8: 3507-3515, 2000. Tradução de: Fibromyalgia Syndrome a Decade Later: What Have We Learned? Arch Intern Med 159: 777-785, 1999.
4. Giesecke T, Clauw DJ et al: The Relationship Between Depression, Clinical Pain, and Experimental Pain in a Chronic Pain Cohort. Arthritis Rheum 52: 1577-1584, 2005.
5. Araújo RL: Doenças: Construção e Realidade na Formação dos Médicos. Dissertação de Mestrado em Educação e Ciência, Universidade Federal de Santa Catarina, 2002.
6. Flexner A: Medical Education: A Comparative Study. Macmillian, 1925.
7. Fleck L: Genesis and Development of a Scientific Fact. Chicago: The University of Chicago Press, 1979.
8. Löwy I: The Strength of Lose Concepts, History of Science, 30: 371-395, 1993.
9. Löwy I: Between Bench  and Bedside, Harvard University press, 1996.
10. Löwy I: Ludwik Fleck and the Notion of "boundary object". Mimeo do I Seminário Internacional sobre Filosofia da Saúde, Florianópolis, 1996.
11. Delizoicov D: Sobre a Produção do Conhecimento Científico (Editorial) Caderno Catarinense de Ensino de Física, Florianópolis, 13: 178-276, 1996.
12. Clauw DJ: Fibromyalgia and Diffuse Pain Syndromes. In: Primer on the Rheumatic Diseases. 12ª ed, Atlanta, Arthritis Foundation: 188-193, 2001.
13. Rao SG, Clauw DJ: The Management of Fibromyalgia, San Diego, Cypress Bioscience, 2004.
14. Aronowitz RA: Making Sense of Illness: science, society, and disease. Cambridge: Cambridge University Press, 1998.
15. Crofford, LJ, Clauw DJ,. Where are we a decade after the American College of Rheumatology classification criteria were developed? Editorial: Arthritis Rheum, New York, 46: 1136-1138, 2002.
16. Engleberg NC: Chronic fatigue syndrome. In: Mandel et al. Principles and Practice of Infectious Diseases. 15ª ed, Philadelphia, Churchill Livingstone, 529-1534, 2000.
17. Conte PM, Walco GA, Kimura Y: Temperament and Stress Response in Children with Juvenile Primary Fibromyalgia Syndrome, Arthritis Rheum 8, 10: 2923-2930, 2003.
18. Giesecke T, Clauw DJ et al: Subgrouping of Fibromyalgia Patients on the basis of Pressure-Pain Thersholds and Psycological Factors. Arthritis Rheum 48: 2916-2922, 2003.
19. Star SL, Griesemer JG: Institutional Ecology, Translations and Boundary Objects: Amateurs and professionals in Berkeley's Museum of Vertebrate Zoology, 1907-39. Social Studies of Science, 19: 387-470, 1989.
20. Araújo RL: The Symptoms of Depression, Insomnia and Pain/Fatigue as a Boundary Object in Multidisciplinary Work. Arthritis Rheum 50, 9: S 48, 2004.
21. Hadler MN: Occupational Muskuloskeletal Disorders, Lippincott Williams & Wilkins, 3ª ed, 2005.
22. Hadler M N: The Last Well Person (How to Stay Well Despite), The Health-Care System McGill-Queen's University Press, 2004.

Revista Brasileira de Reumatologia - Fibromyalgia: construction and reality in medical education

Revista Brasileira de Reumatologia - Fibromyalgia: construction and reality in medical education


Fibromyalgia: construction and reality in medical education


Rejane Leal Araújo
Médica: Fellow em Reumatologia, UVA-USA, Mestre em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Professora de Medicina da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL)


PROBLEMAS ATUAIS NOS MODELOS DE CONSTRUÇÃO DAS DOENÇAS
A construção conceitual da síndrome da fibromialgia (FM) como doença, das suas superposições ou co-morbidades e das suas relações com a fragmentação do conhecimento no atual contexto sociohistórico constituem um grande desafio para o exercício do médico. Sua identificação segue os critérios de classificação do American College of Rheumatology (ACR-1990), os quais foram desenvolvidos com o propósito de analisar resultados interinstitucionais da avaliação de grupos populacionais semelhantes, embora também possam ser utilizados para diagnósticos individuais(1).
O estudo dos atuais modelos para as construções científicas da FM, e outras síndromes expressas por sintomas, estimula o desenvolvimento de outras percepções, absorvidas com a inserção do terceiro fator, além do sujeito e do objeto, que é o estado do conhecimento(2). O rótulo fibromialgia permitiu acalmar os médicos que passaram a dispor de um termo biomédico para se comunicarem e explicarem aos pacientes, que se sentiram satisfeitos com a validação de seus sintomas como reais e não como simulados.
Goldenberg(3) afirma que, apesar do número crescente de publicações, pouco progresso tem sido feito para a compreensão ou tratamento desse distúrbio e seu conceito permanece controverso, incluindo aqueles que continuam a questionar sua existência e sua utilidade diagnóstica.
A prevalência da FM de 0,5 a 4% nos países industrializados(4), acrescida pela superposição das síndromes semelhantes, mas com linguagens diferentes, implica em gastos socioeconômicos e desgastes individuais, familiares e sociais, para entender e explicar problemas de saúde, rotulados como síndromes em sua multiplicidade de conotações biomédicas, genéticas, psicológicas, cognitivas e socioculturais.

ESTUDO DAS RELAÇÕES SOCIOHISTÓRICAS: EPISTEMOLOGIA, EDUCAÇÃO E SAÚDE
As propostas epistemológicas atuais para transformação do modelo de construção do conhecimento científico determinam mudanças na dinâmica e na qualidade dos modos de pensar, pois excluem as neutralidades e inserem a participação contextual, evoluem do estático para o processual e estudam a complexidade com o emaranhado de ações, interações e retroações.
Deste modo, o exercício do pensamento complexo implica em transformações na conceituação dos binômios como: pensamento estático/processual, dissociado/complexo, saúde/doença, unidade/todo, unicausal/multicausal, biomédico/biopsicossocial. Com esse interesse, Araújo(5) estudou a relação entre o modelo atual de construção dos distúrbios como a FM com os modelos epistemológicos fragmentados que dominaram o século XX, conhecidos como cartesianos, ainda hegemônicos nas teorias e práticas atuais da educação e da saúde. Destaca que a fragmentação do modelo da educação médica americana de Flexner(6), seguido pelo Brasil, priorizou as teorias e as práticas restritas ao biomédico, separadas em disciplinas, ensinadas por médicos especialistas. Este modelo, que domina as construções diagnósticas atuais, se limita aos sintomas do domínio de cada especialista, com baixo grau de representatividade para a composição do todo do indivíduo.
Apesar das diferenças nos rótulos diagnósticos especializados, os pacientes têm em comum o comportamento da vigília constante (ansiedade/angústia), são, em sua grande maioria, do gênero feminino e tendem a se apresentar com uma variedade de sintomas crônicos associados a distúrbios de humor (depressão) e distúrbios do sono (insônia). Os sintomas, como a dor, estudados e interpretados por especialistas, ficam restritos às construções de um saber delimitado: sabem muito de um determinado assunto, mas muito pouco do restante. Com base nesses e em outros dados, Araújo(5) propõe a tríade da depressão, insônia e dor/fadiga como representativa da dinâmica integrada pelos fatores físicos biomédicos, psicoemocionais, comportamentais e socioculturais para justificar o significado e a expressão das diferentes síndromes crônicas, co-mórbidas ou em overlap com a FM. Seu estudo fundamentou-se na categoria epistemológica, o estilo de pensamento (thought style)(7), descrita pelo médico e filósofo polonês Ludwig Fleck (1935). O estilo de pensamento foi definido como um perceber dirigido com a correspondente elaboração intelectiva e objetiva do percebido. Comparado à categoria paradigma (Kuhn, 1962), consiste em uma determinada atitude, e também ao tipo de execução que a consuma (integra a teoria e a prática).
Diferentes autores(8-11) utilizam estilo de pensamento como categoria para documentar os problemas que surgem pela aplicação do modelo cartesiano utilizado no século passado para a construção do conhecimento científico. O estudo e a aplicação dos diferentes elementos que compõem o estilo/coletivo de pensamento permitiram constatar que apesar da uniformidade curricular do curso de graduação, os médicos se distanciam pelas suas formações especializadas durante as residências médicas. Os especialistas estudam e pensam assuntos relativos a seus compartimentos especializados, com suas linguagens próprias, exercícios fragmentados e freqüentam congressos restritos a suas especialidades. Esse modelo acentua a formação reduzida a assuntos especializados, compondo coletivos de pensamento dissociados, que constroem estilos de pensamento com incongruência de linguagens. Os médicos não são formados para entender a unicidade de cada indivíduo e construir modelos que expliquem a complexidade dos doentes e as propostas da interação biopsicossocial na saúde.
Na Tabela 1 são apresentadas diferentes construções diagnósticas superpostas, como a FM, a síndrome da fadiga crônica, a síndrome do cólon irritável, a dor miofacial regional e a depressão, fruto das construções por estilos de pensamento especializados e fragmentados. São restritas à expressão isolada dos sintomas, que não abrangem a relação biomédica com os aspectos sociocognitivos, embora esses possam representar o significado, ou seja, a essência comum a muitos dos pacientes. Omite a importância do perfil cognitivo de entender, reagir ou conviver com seus sintomas e problemas.


MODELO DE CONSTRUÇÃO DA SÍNDROME DA FIBROMIALGIA
A FM, ao exibir como critérios objetivos os pontos dolorosos, estabelece dificuldades de precisão que envolvem o subjetivo da expressão do paciente e o da interpretação médica. Clauw(12) defende  que pelo menos metade dos indivíduos que recebem o diagnóstico clínico da FM não preenche sua definição e que aproximadamente 25% das pessoas com desordens sistêmicas inflamatórias podem ter positivos os critérios do ACR para essa síndrome. Esse autor ressalta que os critérios de classificação nunca tiveram a intenção de serem aplicados com o propósito de diagnóstico individual. Comenta que os pontos dolorosos medem não apenas a sensibilidade, mas também o modo de lidar com o estresse, influenciado por diferentes fatores como: gênero feminino, aumento da idade, deficiência do condicionamento físico e desordens do humor. Rao e Clauw(13) conferiram o nome de síndromes funcionais somáticas (SFS) para classificar grupo semelhante de desordens relativas aos pacientes com as características relatadas anteriormente.
Contextualizar a dinâmica da FM como a ruptura de um continuum construído pelo paciente com seu modo de lidar com estresses abre perspectivas que implicam nos diferentes significados das doenças e suas responsabilidades individuais e sociais, como nos diagnósticos de lesão por esforço repetitivo ou distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho (LER/DORT). Essa diversidade desafia a postura médica frente às normas estabelecidas pela perícia e concessão de benefícios públicos. Sobre esse assunto, Aronowitz, em seu livro Making Sense of Illness(14), publica um inovador documento histórico científico sobre as controvérsias e de como as doenças podem mudar de significado ao longo dos tempos pelas mudanças de suas hipóteses etiológicas.
Crofford e Clauw(15), em análise sobre os efeitos após uma década dos critérios ACR-1990, salientam que os mesmos enfocam apenas a dor e desprezam outros sintomas importantes da FM incluindo fadiga, distúrbios cognitivos, distúrbios do sono e angústia psicológica. Esses autores destacam uma visão mais ampla que inclui esses sintomas e as síndromes comumente associadas (síndrome da fadiga crônica, síndrome do cólon irritável e depressão)(16)  para concluir que esses critérios falham em apreender a essência da FM. Num estudo sobre a relação do temperamento e resposta ao estresse em crianças com o diagnóstico da síndrome primária da fibromialgia juvenil (JPFMS), Conte(17) obteve como resultados que crianças e adolescentes com JPFMS, assim como seus pais, apresentavam diferenças quando comparados a outros grupos. Aqueles com diagnóstico de JPFMS demonstravam maior instabilidade do temperamento, níveis maiores de depressão e ansiedade, menor ajuste familiar e maior sensibilidade à dor. Seus pais também referiam aumento nos níveis de ansiedade e depressão e menor capacidade de ajuste psicológico. Conte defendeu a perspectiva psicobiológica e destacou a interação dos riscos individuais como a instabilidade do temperamento, a sensibilidade à dor, a vulnerabilidade ao estresse, o contexto, o ajuste e as psicopatologias familiares como fatores contribuintes para explicar a composição dessa síndrome da dor e sua severidade. Os dados que antecedem, relativos às histórias de vida e à representação de seus significados, podem se constituir em fatores diferenciais para o entendimento das síndromes em estudo.
Giesecke e Clauw(18) reconhecem que os indivíduos que preenchem os critérios do ACR de classificação para FM não compõem um grupo homogêneo. Defendem a hipótese de existirem distintos subgrupos entre os pacientes com FM, que podem ser identificados pelos padrões de sensibilidade/dor, humor e cognição. Para eles, parece existir um grupo de pacientes com FM que exibe extrema sensibilidade sem associação com fatores psicocognitivos; um grupo intermediário e um terceiro grupo, nos quais os fatores relacionados ao humor e a cognição influenciam no relato dos sintomas. Esses são os pacientes que referiam alta sensibilidade à dor, apresentavam altos índices de depressão e ansiedade, emitiam seu quadro como catastrófico, além de ter baixa capacidade para o controle da dor. Tais resultados podem ter implicações terapêuticas quanto à escolha de analgésicos ou dos tipos de antidepressivos e psicotrópicos.

PERSPECTIVAS BIOPSICOLÓGICAS ATUAIS
A construção conceitual da FM e da sua co-morbidade com a depressão maior (DM) apóia-se no modelo biológico que pesquisa substâncias neurotransmissoras (serotonina, norepinefrina, substância P), assim como na sua interação com o modelo psicossocial que relaciona a tristeza e a dificuldade de adaptação, demonstradas nas respostas de dramatizar ou não saber se ajudar.
Aparentemente, existe uma separação das múltiplas redes de processamento dos sintomas como a dor e a depressão. Os níveis dos sintomas da depressão não atuam diretamente na magnitude da ativação das áreas cerebrais associadas com a dimensão sensorial da dor (córtices somatossensoriais primária e secundária). No entanto, os sintomas da depressão ou a presença da depressão parecem estar associados com a ativação das regiões cerebrais relacionadas com o processamento da dor afetiva (amígdala e ínsula anterior contralateral). Dados da literatura sugerem a ínsula anterior como atuante na interação das experiências sensoriais e afetivas(4).
Esses achados podem se estender às outras condições com dores crônicas que tenham um elemento central caracterizado por hiperalgesia/alodínia como a síndrome do cólon irritável, a lombalgia e a vulvodínia. Sugerem que este fenômeno de ativação neural no processamento da dor possa ser notado também em condições periféricas e clássicas como a osteoartrite e a artrite reumatóide.

OBJETO FRONTEIRA: SUA IDENTIFICAÇÃO PARA INTERAGIR O BIOPSICOSSOCIAL
Ao se propor o estudo da relação dos fatores psicossociais como influentes ou determinantes dos modos de construção e expressão dos diferentes processos que alteram a saúde, há que se modificar o modelo tradicional das consultas médicas que separam em pedaços a avaliação do indivíduo. Excluir das consultas a contextualização do problema do paciente e a relação processual com suas histórias de vida e as construções sociocognitivas é eliminar a percepção das essências desses processos, cujas construções não conseguem ser integralmente explicadas pelo conhecimento biomédico. A categoria boundary object (objeto fronteira), foi proposta por Star(19), para estandardizar os métodos e como atividade central para a tradução e comunicação entre os diferentes pontos de vista. Araújo(20) propôs a utilização da tríade de sintomas da depressão, insônia e dor como objeto fronteira para integrar trabalho multidisciplinar entre  os diferentes profissionais que estudam a FM e as síndromes funcionais somáticas. Seu trabalho foi apresentado no 2004 ACR Economic, Social and Psychological Impact of Arthritis.
A abertura para esses novos aspectos resultará em futuras construções sociointeracionistas mais elaboradas, hoje classificadas como interdisciplinares que buscam a transdisciplinaridade (Figura 1).
Consciente da interação entre os fatores sensoriais e afetivos motivacionais no resultado da dor, o médico precisa estudar sua relação com os fatores culturais regionais, com as condições e satisfações da vida, a legislação trabalhista, assistencial e pericial. Vale avaliar, portanto, a geração e a persistência da amplificação dos sintomas como a dor em sua relação mais estreita com a formação cognitiva do indivíduo e seus desgastes físicos pela incapacidade de lidar com determinados problemas psicossociais. Os estudos biomédicos, como as substâncias neuroendócrinas e os estudos de imagem e sua relação com outros achados co-mórbidos, continuam sendo importantes. Porém, a inserção e a articulação dos outros eventos psicossociais podem resultar em novos modelos para entender os processos hoje classificados como doenças.
Esse é o grande desafio para o profissional com formação, prática e construções biomédicas: construir um ver formativo e perceber as interações dos fatores biopsicossociais. Valorizar a multiplicidade dos fatores: a susceptibilidade genética e sua interação com os fatores sociocognitivos, biológicos, psicoemocionais, familiares, do gênero e ambientais, assim como buscar a integração dos diferentes sistemas para compor a visão do todo, implicam em transformações conceituais curriculares e na formação dos professores. São processos lentos que implicam em mudanças conceituais dos modos de pensar e exercitar o pensamento, necessárias para a conquista da harmonia dos diagnósticos e das práticas periciais. Portanto, interagir o estudo dos diferentes sistemas auxilia na percepção da importância da transformação epistemológica que amplia o modo de pensar, disjuntivo e redutor, para o encontro do complexo com a real interpretação do significado dos modelos da expressão corporal.
Hadler(21, 22) comenta sobre a organização de um sistema que com intervenções médicas prejudiciais à saúde reduzem a qualidade de vida. Destaca o uso da FM como rótulo de doença que incapacita, e que essa construção social da mesma gera litígios e discussões epistemológicos atuais sobre as fronteiras entre suas realidades e verdades.
A inserção curricular do estudo da epistemologia e a aplicação das categorias estilo/coletivo de pensamento e objeto fronteira estimulam o desenvolvimento da abordagem sistêmica e da capacidade crítica dos assuntos pertinentes à educação e à saúde. Estende a condição espectadora dos professores e estudantes para a de participantes no processo da construção interdisciplinar e interação dos sistemas com o conhecimento científico (Figura 2).


REFERÊNCIAS
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2. Fleck, L: La Génesis y el Desarollo de un Hecho Científico. Madrid, Alianza, 1986.
3. Goldenberg, DL: A Fibromialgia Uma Década Depois: O Que Aprendemos? JAMA Brasil - J Am Med Assoc 8: 3507-3515, 2000. Tradução de: Fibromyalgia Syndrome a Decade Later: What Have We Learned? Arch Intern Med 159: 777-785, 1999.
4. Giesecke T, Clauw DJ et al: The Relationship Between Depression, Clinical Pain, and Experimental Pain in a Chronic Pain Cohort. Arthritis Rheum 52: 1577-1584, 2005.
5. Araújo RL: Doenças: Construção e Realidade na Formação dos Médicos. Dissertação de Mestrado em Educação e Ciência, Universidade Federal de Santa Catarina, 2002.
6. Flexner A: Medical Education: A Comparative Study. Macmillian, 1925.
7. Fleck L: Genesis and Development of a Scientific Fact. Chicago: The University of Chicago Press, 1979.
8. Löwy I: The Strength of Lose Concepts, History of Science, 30: 371-395, 1993.
9. Löwy I: Between Bench  and Bedside, Harvard University press, 1996.
10. Löwy I: Ludwik Fleck and the Notion of "boundary object". Mimeo do I Seminário Internacional sobre Filosofia da Saúde, Florianópolis, 1996.
11. Delizoicov D: Sobre a Produção do Conhecimento Científico (Editorial) Caderno Catarinense de Ensino de Física, Florianópolis, 13: 178-276, 1996.
12. Clauw DJ: Fibromyalgia and Diffuse Pain Syndromes. In: Primer on the Rheumatic Diseases. 12ª ed, Atlanta, Arthritis Foundation: 188-193, 2001.
13. Rao SG, Clauw DJ: The Management of Fibromyalgia, San Diego, Cypress Bioscience, 2004.
14. Aronowitz RA: Making Sense of Illness: science, society, and disease. Cambridge: Cambridge University Press, 1998.
15. Crofford, LJ, Clauw DJ,. Where are we a decade after the American College of Rheumatology classification criteria were developed? Editorial: Arthritis Rheum, New York, 46: 1136-1138, 2002.
16. Engleberg NC: Chronic fatigue syndrome. In: Mandel et al. Principles and Practice of Infectious Diseases. 15ª ed, Philadelphia, Churchill Livingstone, 529-1534, 2000.
17. Conte PM, Walco GA, Kimura Y: Temperament and Stress Response in Children with Juvenile Primary Fibromyalgia Syndrome, Arthritis Rheum 8, 10: 2923-2930, 2003.
18. Giesecke T, Clauw DJ et al: Subgrouping of Fibromyalgia Patients on the basis of Pressure-Pain Thersholds and Psycological Factors. Arthritis Rheum 48: 2916-2922, 2003.
19. Star SL, Griesemer JG: Institutional Ecology, Translations and Boundary Objects: Amateurs and professionals in Berkeley's Museum of Vertebrate Zoology, 1907-39. Social Studies of Science, 19: 387-470, 1989.
20. Araújo RL: The Symptoms of Depression, Insomnia and Pain/Fatigue as a Boundary Object in Multidisciplinary Work. Arthritis Rheum 50, 9: S 48, 2004.
21. Hadler MN: Occupational Muskuloskeletal Disorders, Lippincott Williams & Wilkins, 3ª ed, 2005.
22. Hadler M N: The Last Well Person (How to Stay Well Despite), The Health-Care System McGill-Queen's University Press, 2004.


 Endereço para correspondência:
Rejane Leal Araújo
e-mail: rejane@rotolo.trix.net