Desde o momento em que se entendeu a importância do isolamento social para o controle da pandemia por Covid-19, o acesso dos pacientes a serviços de saúde diminuiu consideravelmente. A fim de evitar o contágio, muitas pessoas deixaram de ir a consultas marcadas para o controle de suas doenças e serviços médicos cancelaram ou suspenderam atendimentos.
Estratégias de atendimento à distância começaram a ser implantadas e regulamentadas para garantir o cuidado dos pacientes, sem expô-los a riscos de se infectar pelo novo coronavírus. Nesse sentido, a telemedicina tornou-se um novo recurso e um valioso instrumento para aproximar médicos e pacientes. No entanto, diferente do que estamos acostumados, essa aproximação não é física e, por isso, é importante que o médico esteja atento para incluir em sua conduta as orientações adequadas para atendimentos desse tipo.
Orientações ao paciente em telemedicina
- Em primeiro lugar, é preciso reconhecer que falhas técnicas e de conexão podem ocorrer.
- Algumas técnicas de comunicação são muito importantes para garantir esse entendimento.
Exemplo: “Dona Maria, então na consulta de hoje conversamos: sobre a importância de reduzir o sal na comida; sobre aumentar o remédio da pressão para duas vezes ao dia; e sobre utilizar o buscopan em caso de cólicas menstruais. Ficou alguma dúvida?”.
Perguntar se restaram dúvidas, ou se o paciente ainda precisa de algum esclarecimento ao final da consulta, aliás, também é vital para garantir um bom teleatendimento.
- Discutir e combinar o seguimento apropriado também é um ponto que necessita de especial atenção em casos de teleconsultas.
Nesse sentido, o médico deve saber diferenciar, ainda durante o atendimento, qual é a melhor estratégia de seguimento para o paciente, de acordo com suas condições clínicas. É possível, por exemplo, que se indique uma internação hospitalar após uma teleconsulta. Ou que se prefira que o próximo encontro seja presencial. O critério para essa definição deve ser clínico e individualizado.
- Além da escolha do tipo da próxima consulta (presencial ou à distância), é importante também que o médico saiba orientar quais tipos de atendimento procurar em casos de descompensação do quadro do paciente, bem como descrever os possíveis sinais e sintomas dessas descompensações.
Um paciente com diabetes, por exemplo, deve ser orientado a procurar uma emergência em caso de problemas na visão; o ambulatório para casos de feridas nos pés; e uma teleconsulta em caso de dúvidas em relação às suas medicações.
Os sinais de gravidade para as doenças do paciente devem ser cuidadosamente explicadas, bem como efeitos colaterais graves de medicamentos, de modo em que o paciente não perca tempo buscando uma teleconsulta em vez de ir até uma emergência.
- Por fim, levando-se em conta o cenário de pandemia, com necessidade de manutenção do maior distanciamento social possível, é essencial que o médico saiba realizar as adequadas orientações a respeito do autocuidado do paciente, bem como as relacionadas à adoção de um estilo de vida saudável.
Baixe e compartilhe as orientações principais com seus pacientes!
Para ajudar o médico, seja em uma teleconsulta ou em um atendimento presencial, montamos uma seção de Orientações ao Paciente aqui no Portal PEBMED!Você pode acessá-la aqui, com um cadastro gratuito (pode usar a sua conta do Whitebook também, se você já tiver), buscar pela orientação desejada, fazer o download e enviar para o seu paciente. Não deixe de conferir!
Autor:
Graduação
em Medicina pela Universidade Federal Fluminense (UFF) ⦁ Residência em
Medicina de Família e Comunidade pela Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (UERJ) e em Administração em Saúde (UERJ) ⦁ Mestre em Saúde da
Família (UFF) ⦁ Doutorando em Saúde Pública pela Escola Nacional de
Saúde Pública (ENSP/Fiocruz) ⦁ Professor da disciplina de Saúde da
Família e gerente do Centro de Saúde Escola Lapa da Faculdade de
Medicina da Universidade Estácio de Sá
- PYGALL, S-A. Triagem e consulta ao telefone: estamos realmente ouvindo? Porto Alegre: Artmed, 2018.
- GREENHALGH, T.; MORRISON, C.; HUAT, G. K. C. Trad. por Donavan de Souza Lúcio e Silva Costa. Consultas por vídeo: um guia prático. University of Oxford, 2020.
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n. 39, p. 1-7, jan./dez. 2017. - MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Ciência e Tecnologia. Guia metodológico para programas e serviços em telessaúde. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2019.
https://pebmed.com.br/semana-de-telemedicina-como-orientar-um-paciente-adequadamente-em-uma-teleconsulta/