Dores crônicas e difusas que se dispersam em pontos-gatilho pelo corpo inteiro caracterizam a síndrome.
maio de 2014
uma surra no dia anterior” são descrições comuns de pessoas
que têm fibromialgia – um conjunto de sintomas, como
dores crônicas e difusas que se dispersam de determinados
pontos-gatilho pelo corpo inteiro, localizados principalmente no
pescoço e nas costas. No entanto, dificilmente exames detectam
alterações em músculos, tendões ou outros tecidos.
Apesar de afetar 2,5% da população mundial, na grande maioria mulheres, a síndrome
ainda é desconhecida e desacreditada por muitos que convivem com quem dela sofre e
até mesmo por médicos. Ainda é comum que pessoas com os sintomas procurem
médicos de várias especialidades até obter o diagnóstico, baseado em teste clínico:
dor crônica em 11 de 18 pontos pressionados pelo médico (ver imagem abaixo).
Estudos sobre a síndrome derrubam a hipótese de que as dores seriam apenas resposta
física de transtornos psíquicos, como depressão, estresse e ansiedade. “Imagens de
ressonância magnética funcional mostram claramente que pacientes com fibromialgia
têm sensibilidade maior à dor”, diz o reumatologista Roberto Heymann, do Ambulatório
de Dor e Fibromialgia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), referindo-se a
registros cerebrais que comprovam a ativação de regiões neurais relacionadas à percepção
dolorosa. Mas ainda não se sabe a causa orgânica dos sintomas.
As três graças, painel a óleo, Rafael Sanzio, 1504-1505, Museu Condé, Chantilly/Composição Duetto Editorial |
O diagnóstico da síndrome se baseia em dor crônica em pelos menos 11 de 18 pontos-gatilho (marcados na imagem) |
Eles surgem na maioria dos casos entre 25 e 40 anos
e com frequência comprometem o desempenho profissional
e as relações afetivas das pacientes. É comum que os
antidepressivos sejam prescritos nesses casos. “Os fatores
emocionais podem desencadear as crises e interferir na
melhora do quadro clínico. Os antidepressivos são
usados no tratamento porque estimulam a liberação de
substâncias neurotransmissoras relacionadas à inibição
da dor e também ao humor, como serotonina,
noradrenalina e dopamina”, explica o reumatologista
Daniel Feldman, coordenador do Setor de Fibromialgia
da Unifesp.
Assim, o estado emocional influi na intensidade do quadro
doloroso, que pode ser agravado pela comorbidade com
transtornos do humor. “Apesar de observarmos depressão
e (ou) ansiedade em pouco mais da metade dos pacientes
com fibromialgia, há ao menos 40% que não
apresentam sinais desses transtornos. Isso mostra que a síndrome é influenciada por problemas psíquicos,
assim como a hipertensão arterial ou o diabetes, mas não é causada por eles”, diz Heymann.
Alguns estudos sugerem uma “personalidade fibromiálgica", isto é, relacionam autocrítica e baixa
autoestima aos sintomas. “Provavelmente, a maior labilidade emocional dessas pacientes deflagra os sinais”,
explica o reumatologista.
Atualmente, o tratamento consiste em medicamentos prescritos pelo médico especialista, exercícios físicos
moderados e psicoterapia. Estudos apontam que a terapia cognitivo-comportamental tem se revelado
particularmente benéfica em pessoas com a síndrome. No blog da associação Abrafibro, criada por
Sandra Santos, diagnosticada com fibromialgia há 7 anos, pacientes podem trocar experiências:
http://abrafibro.blogspot.com.br/
Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/dia_mundial_da_fibromialgia_distubio_atinge
_25__da_populacao_mas_ainda_e_negligenciada.html