Praticar exercícios e reconhecer seus limites ajuda a aliviar os sintomas
Caracterizada
por uma dor intensa que se espalha pelo corpo, partindo principalmente
do tecido mole da nuca, ombros, tórax, região lombar, quadris, canelas,
cotovelos e joelhos, a fibromialgia tem com principais complicações da
doença fadiga, depressão e distúrbios do sono. A doença pode ser
controlada com algumas medidas e mudanças no estilo de vida. Confira as
dicas dos especialistas e veja como amenizar as dores e conviver melhor
com a fibromialgia:
Exercícios, a principal arma contra a doença
"Todo
tratamento da fibromialgia obrigatoriamente terá que contemplar
atividade física", diz o reumatologista Roberto Heymann, do Grupo de
Apoio à Paciente com Fibromialgia, da Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp). O especialista explica que a escolha da modalidade a ser
praticada fica a critério do paciente, segundo seus gostos e limitações.
A atividade aeróbica é mais efetiva dos que as demais, como uma
caminhada de 30 a 45 minutos, cinco vezes por semana. "Ao contrário do
que imaginamos, a inatividade em pacientes com fibromialgia gera mais
dor", afirma o reumatologista Roberto. Por isso, um paciente que está
sentindo dores não está contraindicado para fazer exercícios, mesmo que
essas sejam intensas - nesse caso, tenta-se diminuir sua dor com
tratamento medicamentoso, para que ele suporte a atividade física.
"Deve-se, contudo, analisar a característica da dor para definir se não
há outro problema associado que possa interferir ou piorar com o
exercício", diz o reumatologista Nilton Salles Rosa Neto, membro da
Comissão de Dor, Fibromialgia e Outras Síndromes Dolorosas de Partes
Moles, da Sociedade Brasileira de Reumatologia.
Roberto
explica que no início a dor pode até piorar com a atividade, mas que
ela se faz absolutamente necessária para o bom andamento da doença. O
reumatologista Nilton afirma que os exercícios na água são úteis para
pacientes que não toleram o impacto ou tenham outras comorbidades, como a
artrose. "É importante fixar uma regularidade da prática, sendo
recomendado de duas a três vezes por semana em horário pré-definidos,
porém com realização de atividades físicas não programadas nos outros
dias, como caminhar e subir ou descer escadas."
Medicamentos para controlar dores intensas
As
drogas que podem ser utilizadas durante o tratamento da fibromialgia
são os antidepressivos que atuam aumentando os níveis de serotonina e
noradrenalina cerebral. ?Eles são ministrados primariamente não como
antidepressivos, mas sim porque eles também atuam como analgésicos
cerebrais?, ressalta o reumatologista Roberto. São usadas também drogas
neuromoduladoras, que atuam diminuindo a liberação de glutamato e
substância P nos tecidos cerebrais. ?Estas substâncias atuam aumentando a
sensibilidade dolorosa, por isso é interessante diminuir sua liberação
no cérebro?, afirma Roberto. No entanto, a base do tratamento para a
fibromialgia deve ser exercício físico e acompanhamento psicológico,
sendo a indicação de medicamentos direcionada caso a caso. É importante
ressaltar que os analgésicos simples e anti-inflamatórios em geral não
funcionam para esses pacientes.
Fique atento ao que causa dor
O
paciente com fibromialgia deve ter consciência das atitudes que agravam
o seu quadro, como a posição para sentar e a interação com objetos. "Os
cuidados de ergonomia são fundamentais para que não ocorram lesões que
possam prejudicar o tratamento e a evolução da fibromialgia", afirma o
reumatologista Nilton. Qualquer dor diferente do habitual deve ser
investigada e tratada adequadamente.
Reconheça seus limites
Nos
períodos em que o paciente está sentindo menos dor, ele pode muitas
vezes tentar praticar mais atividades do que o normal, e isso pode
comprometer o tratamento e até agravar os sintomas. "Embora a dor na
maioria das vezes não seja limitante, é importante que o paciente
conheça seus limites e saiba quando interromper os exercícios ou outras
atividades", diz o reumatologista Nilton. Caso esteja com dúvidas, o
melhor é conversar com seu médico e entender o seu quadro e quais os
sinais que indicam que a dor deve ser interrompida.
Cuide do seu sono
O
sono da pessoa com fibromialgia é alterado por conta das dores, sendo
mais difícil atingir o sono profundo, ou então com despertares
frequentes durante a noite. "Esses pacientes apesentam um sono dito não
restaurador, ou seja, eles dormem, mas não descansam, e acordam cansados
pela manhã", explica o reumatologista Roberto. Para que fiquem
descansados, é importante cuidar da higiene do sono - dormir pelo menos
oito horas por noite, manter o quarto tranquilo, evitar alimentos
energéticos antes de dormir e etc - e verificar a necessidade de
medicações para auxiliar no sono. Dependendo do caso, pode ser que o
médico recomende descansos durante o dia, como um cochilo à tarde. Mas o
ideal é que o ciclo do sono seja o mais completo e reparador possível
durante à noite.
Faça um "diário da dor"
Escrever
sobre as situações que causam mais dor, os locais afetados e todas as
informações relevantes sobre o andamento da doença - um verdadeiro
?diário da dor? ? ajuda o médico no impacto da dor no dia a dia do
paciente, encontrando assim o tratamento mais adequado. "O diário ajuda a
identificar situações que possam desencadear crises e permitir que o
próprio paciente tenha maior controle sobre elas", afirma o
reumatologista Nilton. "Também auxilia o médico na avaliação do uso de
analgésicos e anti-inflamatórios pelo paciente, tentando identificar
abusos, bem como na associação de medicações específicas para o controle
da dor."
Fisioterapia para casos específicos
Para
casos em que há a necessidade de correção de vícios de postura ou
pacientes com a fibromialgia grave, pode ser recomendado o
acompanhamento com um fisioterapeuta para reabilitação. "Os exercícios
feitos na fisioterapia devem ser avaliados e orientados conforme as
deficiências e quadro clínico do paciente", lembra o reumatologista
Roberto.
Massagens e técnicas de relaxamento
Apesar
de não serem determinantes no tratamento da fibromialgia, as técnicas
de relaxamento e massagens podem auxiliar na diminuição dos quadros
dolorosos, principalmente aqueles associados à tensão muscular. "No
entanto, elas ajudam em aspectos psicológicos, como estresse relacionado
ao trabalho, que podem interferir de forma negativa no tratamento
instituído", explica o reumatologista Nilton. Mas é importante ressaltar
que essas práticas não influenciam diretamente no tratamento a longo
prazo, sendo apenas um complemento.
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