quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Dor crônica faz cair produtividade no trabalho, diz pesquisa

 Três em cada quatro pessoas afirmaram que a dor atrapalha atividades diárias
01
Resiliência. Cássia Freitas já aprendeu a conviver com as cólicas menstruais, mas elas ainda afetam sua produtividade
 
 
EM 02/11/15 - 04h00
Nas aulas de biologia da escola, aprendemos desde cedo que a dor é um sinal de que alguma coisa não vai bem no organismo. Porém, se essa dor for crônica, ela pode ser, em si, um problema. Além de fazer o corpo liberar hormônios do estresse, uma recente pesquisa realizada pelo Ibope Conecta a pedido da indústria farmacêutica revelou que a dor crônica afeta todos os níveis da vida da pessoa.
A enquete, feita com 1.007 brasileiros com idade a partir de 18 anos, mostrou que três em cada quatro pessoas afirmam que a dor atrapalha atividades diárias, como trabalho, estudos e até o lazer, por exemplo.
“A dor crônica não incapacita a pessoa de realizar suas tarefas diárias, mas compromete a qualidade”, comenta a médica Lin Tchia Yeng, fisiatra do Centro de Dor do Hospital das Clínicas de São Paulo. Segundo ela, a dor é o principal fator causador do fenômeno chamado “presenteísmo”, em que o funcionário está presente no trabalho, mas com a mente vagando longe.
É exatamente assim que se sente a administradora pública Cássia Freitas, 22, em seus dias de cólica menstrual. Cinco ou seis dias por mês ela sofre com as dores, mas não interrompe suas atividades diárias.
“Não tem como eu parar a minha vida por isso. Quando eu era mais nova, faltava muito às aulas. Agora, trabalhando, não tem jeito. Alguns dias, quando a dor está muito forte, eu tenho que sair mais cedo, ou acabo chegando um pouco atrasada”, conta ela.
E mesmo quando está presente, ela reconhece que a produtividade não é igual. “Nos piores dias, produzo bem menos porque a cabeça também dói e há uma série de outros sintomas que vem junto. A dor é tão forte que só consigo me concentrar nela”, lamenta.
Editoria de arte
ATA26131-
 
Para melhorar. No desespero de se verem livres do incômodo, muitas pessoas acabam se automedicando. Mas esta nem de longe é a solução mais indicada. “Anti-inflamatórios todos os dias acabam prejudicando os rins”, diz a anestesista Gabriela Rocha Lauretti, que é chefe da Clínica de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto.
Em vez disso, técnicas de estimulação elétrica transcutânea podem ser uma opção com menos efeitos adversos. “Hoje, há um aparelhinho que se compra em farmácia e é portátil. São eletrodos que o paciente cola na pele para receber pequenos choques na região da dor”, conta Gabriela. Essa estimulação faz com que o corpo ative seus próprios recursos de analgesia, inibindo a sensação da dor.
Mesmo com algum alívio, o melhor ainda é procurar um médico para investigar as origens do problema. “A dor crônica é uma doença. Ela traz um prejuízo muito grande, diminui a qualidade de vida e precisa ser controlada”, declara a anestesista. É importante também cuidar dos hábitos de vida, já que muitas dores, como as musculares e as de cabeça, estão ligadas a práticas pouco saudáveis.
Flash
Cascata. A dor é a principal causa de insônia, o que deixa o sistema imunológico enfraquecido e a pessoa, mais vulnerável.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O que achou da matéria? Ajudou-lhe de alguma forma? Deixe sua opinião e seu comentário: Agradecemos!