Três em cada quatro pessoas afirmaram que a dor atrapalha atividades diárias
Resiliência. Cássia Freitas já aprendeu a conviver com as cólicas menstruais, mas elas ainda afetam sua produtividade
EM 02/11/15 - 04h00
Nas aulas de biologia da escola, aprendemos desde cedo que a dor é um
sinal de que alguma coisa não vai bem no organismo. Porém, se essa dor
for crônica, ela pode ser, em si, um problema. Além de fazer o corpo
liberar hormônios do estresse, uma recente pesquisa realizada pelo Ibope
Conecta a pedido da indústria farmacêutica revelou que a dor crônica
afeta todos os níveis da vida da pessoa.
A enquete, feita com 1.007 brasileiros com idade a partir de 18 anos,
mostrou que três em cada quatro pessoas afirmam que a dor atrapalha
atividades diárias, como trabalho, estudos e até o lazer, por exemplo.
“A dor crônica não incapacita a pessoa de realizar suas tarefas
diárias, mas compromete a qualidade”, comenta a médica Lin Tchia Yeng,
fisiatra do Centro de Dor do Hospital das Clínicas de São Paulo. Segundo
ela, a dor é o principal fator causador do fenômeno chamado
“presenteísmo”, em que o funcionário está presente no trabalho, mas com a
mente vagando longe.
É exatamente assim que se sente a administradora pública Cássia
Freitas, 22, em seus dias de cólica menstrual. Cinco ou seis dias por
mês ela sofre com as dores, mas não interrompe suas atividades diárias.
“Não tem como eu parar a minha vida por isso. Quando eu era mais nova,
faltava muito às aulas. Agora, trabalhando, não tem jeito. Alguns dias,
quando a dor está muito forte, eu tenho que sair mais cedo, ou acabo
chegando um pouco atrasada”, conta ela.
E mesmo quando está presente, ela reconhece que a produtividade não é
igual. “Nos piores dias, produzo bem menos porque a cabeça também dói e
há uma série de outros sintomas que vem junto. A dor é tão forte que só
consigo me concentrar nela”, lamenta.
Editoria de arte |
Para melhorar. No desespero de
se verem livres do incômodo, muitas pessoas acabam se automedicando. Mas
esta nem de longe é a solução mais indicada. “Anti-inflamatórios todos
os dias acabam prejudicando os rins”, diz a anestesista Gabriela Rocha
Lauretti, que é chefe da Clínica de Dor do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão
Preto.
Em vez disso, técnicas de estimulação elétrica transcutânea podem ser
uma opção com menos efeitos adversos. “Hoje, há um aparelhinho que se
compra em farmácia e é portátil. São eletrodos que o paciente cola na
pele para receber pequenos choques na região da dor”, conta Gabriela.
Essa estimulação faz com que o corpo ative seus próprios recursos de
analgesia, inibindo a sensação da dor.
Mesmo com algum alívio, o melhor ainda é procurar um médico para
investigar as origens do problema. “A dor crônica é uma doença. Ela traz
um prejuízo muito grande, diminui a qualidade de vida e precisa ser
controlada”, declara a anestesista. É importante também cuidar dos
hábitos de vida, já que muitas dores, como as musculares e as de cabeça,
estão ligadas a práticas pouco saudáveis.
Flash
Cascata. A dor é a principal causa de insônia, o que deixa o sistema imunológico enfraquecido e a pessoa, mais vulnerável.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O que achou da matéria? Ajudou-lhe de alguma forma? Deixe sua opinião e seu comentário: Agradecemos!