sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Dia mundial da fibromialgia 12 de Maio: distúrbio atinge 2,5% da população, mas ainda é negligenciada

Dores crônicas e difusas que se dispersam em pontos-gatilho pelo corpo inteiro caracterizam a síndrome.


maio de 2014
Max Oppenheim/Workbook Stock/Getty Images

“Agulhas trespassando a carne” ou “como se houvesse tomado
uma surra no dia anterior” são descrições comuns de pessoas
que têm fibromialgia – um conjunto de sintomas, como
dores crônicas e difusas que se dispersam de determinados
pontos-gatilho pelo corpo inteiro, localizados principalmente no
pescoço e nas costas. No entanto, dificilmente exames detectam
alterações em músculos, tendões ou outros tecidos.

Apesar de afetar 2,5% da população mundial, na grande maioria mulheres, a síndrome
 ainda é desconhecida e desacreditada por muitos que convivem com quem dela sofre e
 até mesmo por médicos. Ainda é comum que pessoas com os sintomas procurem
médicos de várias especialidades até obter o diagnóstico, baseado em teste clínico:
dor crônica em 11 de 18 pontos pressionados pelo médico (ver imagem abaixo).

Estudos sobre a síndrome derrubam a hipótese de que as dores seriam apenas resposta
física de transtornos psíquicos, como depressão, estresse e ansiedade. “Imagens de
ressonância magnética funcional mostram claramente que pacientes com fibromialgia
têm sensibilidade maior à dor”, diz o reumatologista Roberto Heymann, do Ambulatório
de Dor e Fibromialgia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), referindo-se a
 registros cerebrais que comprovam a ativação de regiões neurais relacionadas à percepção
dolorosa. Mas ainda não se sabe a causa orgânica dos sintomas.
As três graças, painel a óleo, Rafael Sanzio, 1504-1505, Museu Condé, Chantilly/Composição Duetto Editorial
O diagnóstico da síndrome se baseia em dor crônica em pelos menos 11 de 18 pontos-gatilho (marcados na imagem)


Eles surgem na maioria dos casos entre 25 e 40 anos
 e com frequência comprometem o desempenho profissional
 e as relações afetivas das pacientes. É comum que os
 antidepressivos sejam prescritos nesses casos. “Os fatores
 emocionais podem desencadear as crises e interferir na
 melhora do quadro clínico. Os antidepressivos são 
usados no tratamento porque estimulam a liberação de 
substâncias neurotransmissoras relacionadas à inibição 
da dor e também ao humor, como serotonina, 
noradrenalina e dopamina”, explica o reumatologista 
Daniel Feldman, coordenador do Setor de Fibromialgia 
da Unifesp.

Assim, o estado emocional influi na intensidade do quadro 
doloroso, que pode ser agravado pela comorbidade com 
transtornos do humor. “Apesar de observarmos depressão 
e (ou) ansiedade em pouco mais da metade dos pacientes 
com fibromialgia, há ao menos 40% que não 
apresentam sinais desses transtornos. Isso mostra que a síndrome é influenciada por problemas psíquicos, 
assim como a hipertensão arterial ou o diabetes, mas não é causada por eles”, diz Heymann. 
Alguns estudos sugerem uma “personalidade fibromiálgica", isto é, relacionam autocrítica e baixa 
autoestima aos sintomas. “Provavelmente, a maior labilidade emocional dessas pacientes deflagra os sinais”,
explica o reumatologista.

Atualmente, o tratamento consiste em medicamentos prescritos pelo médico especialista, exercícios físicos
 moderados e psicoterapia. Estudos apontam que a terapia cognitivo-comportamental tem se revelado 
particularmente benéfica em pessoas com a síndrome. No blog da associação Abrafibro, criada por 
Sandra Santos, diagnosticada com fibromialgia há 7 anos, pacientes podem trocar experiências: 
http://abrafibro.blogspot.com.br/

Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/dia_mundial_da_fibromialgia_distubio_atinge
_25__da_populacao_mas_ainda_e_negligenciada.html 


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