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Ciência desvenda um mistério:
A Síndrome da Fadiga Crônica
22 de junho de 2009
Por Natalia Cuminale
(Crédito: Divulgação)
(Crédito: Divulgação)
O que é síndrome da fadiga crônica?
Agora, nós sabemos o que é essa doença e que ela é causada por mudanças na flora intestinal. Porém, foi um longo mistério, que teve duração de duas décadas. O primeiro diagnóstico realizado a partir dos sintomas ocorreu em 1988. Depois disso, uma nova definição foi feita pelo Centros de Controle de Doenças, o que tornou o diagnóstico muito mais simples. Mas o principal sintoma é que essas pessoas não recuperam suas energias após um mínimo esforço. No último ano, nós realizamos diversas pesquisas para tentar explicar o que causa essa doença.
Por que é tão difícil fazer o diagnóstico?
Porque os exames clássicos não apontam nada de anormal em seus resultados e os sintomas são facilmente confundidos com o de outras doenças: muito diagnóstico duvidoso é feito nesses casos, como depressão e anorexia, porque as pessoas se sentem ansiosas, não conseguem comer. Outra dificuldade foi o fato de nunca ter sido feito um estudo acerca da bactéria dentro do intestino. A nossa primeira pesquisa ainda será publicada e pretendemos fazer mais e mais publicações mostrando que essa bactéria altera vários fatores na saúde dos pacientes e que ela produz toxinas.
Como funciona o mecanismo de diagnóstico desenvolvido pelo senhor?
O kit identifica a produção em grandes quantidades na urina de gás sulfídrico, que é um dos mais tóxicos existentes para o organismo. Esse gás pode ser ativado por uma combinação de fatores, como comidas ou outros elementos que possuem muitos metais pesados, que ativam a bactéria que o produz. Então, nós conseguimos, pela urina, uma forma de metabolizar esse gás e, com a reação da cor, podemos provar que ele é produzido em grandes quantidades. Quando isso acontece, ele afeta o intestino, o hipotálamo, as mitocôndrias, que são os geradores de energia das células, além de abalar o sistema imunológico, provocando uma doença multissistêmica. Ou seja, afeta os sistemas do corpo humano.
Por que a síndrome era considerada de razão psicossomática por alguns pesquisadores e até pelos próprios pacientes?
Porque não havia nenhum marcador clínico. Agora, com o teste de urina é simples. Se, durante a análise, a urina ficar escura em um ou dois minutos, constatamos que há toxinas ali, proveniente de uma bactéria intestinal. Esse é o mecanismo básico que prova a fadiga, a dor e todos os outros sintomas da doença.
O que muda na na medicina após sua descoberta?
Meus colegas estão em choque. Nós mudamos a direção das pesquisas realizadas até agora, que giravam em torno de vírus, sistema imunológico e hormônios. Ninguém chegou a isso que fizemos. A nossa descoberta explica tudo, todas as pesquisas que os outros estão fazendo. Tudo que acontece no corpo de quem tem uma doença dessas é uma conseqüência do que descobrimos.
Com o novo diagnóstico, o tratamento pode ser mais eficaz?
Sim. Agora, nós realmente podemos progredir. Já começamos a estudar um tratamento, que está mostrando boas respostas nos pacientes. Não está publicado ainda, mas em pouco tempo haverá uma forma mais efetiva de tratamento.
Principais sintomas da Síndrome da Fadiga Crônica:
O cansaço deve ser acompanhado pelos sintomas abaixo por mais de 6 meses
. Dificuldades com memória e concentração
. Problemas para dormir
. Dores musculares contínuas
. Dores nas juntas
. Dor de cabeça
. Dor de garganta
. Gânglios inflamados e dolorosos
. Mal-estar e cansaço que duram mais de 24 horas após esforço físico
Outros sintomas também relatados por pacientes
. Intestino irritado
. Depressão e problemas psicológicos
. Suor e calafrio
. Distúrbios visuais
. Alergias e hipersensibilidade a comidas, odores, medicamentos e barulhos
. Confusão mental
. Vertigem, tontura
Fonte: CDC (Centros de Controle de Doenças)
O que acontece com pessoas cuja doença nunca foi diagnosticada?
Elas vão perdendo cada vez mais suas habilidades físicas e mentais. O cérebro para de trabalhar, o corpo começa a doer, a pessoa perde a força nos músculos e progressivamente perde sua capacidade de trabalhar. Primeiro, elas ficam reclusas em casas e depois, na cama. Ficam deitados por horas, porque não há mais força para nada.
Existe um tipo de pessoa mais vulnerável a desenvolver a síndrome?
Nós sabemos que há predisposição genética e estamos nos atentando para estudar certos genes. Outra impressão que temos é que as pessoas originárias do norte da Europa, dos países escandinavos, devolvem a doença com mais facilidade. Temos observado que alguns genes ligados à doença são mais comuns nessa população.
O stress é capaz de potencializar a doença?
Sim, pode. Porém, stress não é a causa do problema, apenas facilita a condição.
Uma pessoa "workaholic", que está acostumada com uma rotina pesada no trabalho, tem síndrome da fadiga crônica ou pode desenvolvê-la?
Qualquer pessoa pode desenvolver isso. Mas não necessariamente uma pessoa que trabalha bastante. É claro que quando seu sistema imunológico sofre um processo de stress, você fica mais tenso. Mas ultrapassar limites nas atividades físicas ou o stress prolongado não se comparam à síndrome da fadiga crônica. São coisas completamente diferentes. As pessoas que sofrem dos problemas citados não apresentam essas mudanças fundamentais como a produção de toxinas, infecções e alterações metabólicas em seu corpo.
A doença pode ser transmitida de uma pessoa para outra?
Nós não sabemos ainda. Estamos estudando isso a partir de mecanismos diferentes. Mas se houver algum grau de transmissibilidade, a impressão que temos é que ele é bem pequeno. Provavelmente, é possível que algumas pessoas possam transmitir a doença, mas é quase improvável que alguém saudável adquira a doença a partir de outro indivíduo portador.
Olá Sandra, "Grande Guerreira"!
ResponderExcluirEu estava precisando ler esta matéria...
Perdi a esperança e a confiança nos médicos...
Estou cansada de fazer exames, tomar remédios, fazer bloqueios, fisioterapia...
O problema é que a gente acaba descobrindo outros "problemas" que nem sabia que tinha!
Agora estou com medo de médico Pode? (risos)
Obrigada pela força!
Realizei o teste mencionado nessa maravilhosa entrevista e deu resultado FORTE POSITIVO, na próxima semana devo iniciar o tratamento que inclui antibioticoterapia, quelação (eliminar metais do organismo) e reconstituição da flora intestinal. Foi muito importante para mim a sensação de poder comprovar a existência real da FIBROMIALGIA! Estou à disposição de todos para ajudar nas dúvidas.
ResponderExcluirEstive em um medico com a mesma abordagem a respeito da fibromialgia. Algumas explicações foram bastante lógigas, o complicador é o exame de urina ser caro, e a medicação so pode ser fornecida pele medico
ResponderExcluirAepetro estou com sindrome da fadiga cronica ja faz muito tempo, eu gostaria de saber como que eu posso fazer esse teste de urina ? POR FAVOR
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